segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Mudanças


A cidade muda.

Dela, tiram a beleza...

Acaba-se a magia

de um lugar poético.

E o nome das ruas

muda a todo instante

como já falou Manuel Bandeira:

"tenho medo que as ruas

de minhabela infância

perca o nome de rosa

e se chame agora

rua fulano de tal.
Gizele Tavares, 16 anos,
Jardim São Paulo - Recife/PE

sábado, 8 de novembro de 2008

A menina das luzes


Amanhecer nevoado
É a candura que emana
Dos suspiros dos canteiros em flores
Garoinha, Garannhuns...

Coliseu de arte
Repouso dos passados
Terra perfumada de eucaliptos
Chão de cantadores
Terra das letras
E recanto dos tapetes de grama:
Passa a multidão!
Garoinha, Garanhuns...

O anoitecer desperta
Para o relógio enfeitado
Que emite pêndulos.
Melindrosa Garanhuns
Silencia seu eu e adormece
Para acordar na aurora
Das asas da criação.

Érika Renata

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Triste


Marcos Moura


Esse ano não quero chuva
Cada pingo, uma tristeza
uma dor , uma solidão...
não quero lodo
para escorregar nos abismos da saudade
nem quero frio pra me abrigar num amor perdido
num coração partido
não quero saber do passado
que não consegue deixar de existir
é deixar de existir...
Nem quero mais ouvir o velho Bob Dylan
(deixa a resposta soprar no vento)...
nem quero ouvir o barulho do mar
pra nele não me afogar...
Quero apenas mergulhar
no silêncio profundo ...
partir com o ar...
além da estratosfera ... ir flutuar...
espécie de nada
personificação do vazio
nome próprio
muito pra chorar...

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Tormenta


A solidão desta viagem
é como lâminas de gelo
que penetram na minha alma,
cortando em pedaços meu corpo
que já não sente o calor do seu,
nem enxerga a luz do teu olhar.


Longe vejo um nevoeiro na noite fria,
Penso que jamais a verei,
A viagem segue, sem rumo,
À deriva, já não vejo o brilho das estrelas,
Companheiras de viagem.


Aproxima-se a tormenta, devasta a
Esperança de te encontrar,
Sinto paz, já não sinto frio,
Já não há mais tormenta.
Esperança de te encontrar?
Só restou tua imagem na escuridão do nevoeiro,
Dos olhos que já não podem enxergar,
Talvez, quem sabe?
Já não estejas mais aqui,
Quando a tormenta passar.
Hênio Cavalcanti Filho

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Poética


Eraldo José


Ao horizonte do céu urbano,
Marcado pela estrema tortura;
Fora de si ao bem querer humano
Com quem devotas com usura.

Foges teu pensamento ao norteio esquecimento
Que ilustre te deseja com fervor este ser...
Como porém? Escrevo almo neste momento
Leviano estranho que observas, a teu querer...

Perdeu-se o brilho em força, dentre o ano:
-...A ti declarei morte ao irracional;
Pensamento asqueroso do ser humano!

Nestes versos, nesta era em que sonhas
Suavemente doce ao sabor de um beijo
Egocentricamente amargo em sua entranhas!

26-08-2005